Não há lugar melhor para relaxar
do que o sul de Minas Gerais. Há anos venho coletar morcegos em Monte Belo mas
cada vez é como entrar em um universo paralelo. E foi aqui, diversas vezes, que
sentei e resolvi refletir sobre muitas coisas. Nada melhor que este lugar para
continuar a minha jornada, certo?
Este
foi um ano cansativo. Muita coisa para fazer, muita responsabilidade para dar
conta e um turbilhão de sentimentos ao longo desses quase 365 dias. E quase
toda semana eu peguei a barca que liga Niterói ao Rio de Janeiro e sempre
reparava nas pessoas. Algumas lendo jornal, outras na internet ou escutando
música e outras apenas olhando a imensa baía na qual navegam diariamente. E em
um desses dias eu me perguntei: o que essa quantidade enorme de pessoas está
fazendo? O que elas significam para o mundo? O que elas andam fazendo de
diferente? Será que são apenas mais alguns na multidão ou fogem aos padrões
impostos pela sociedade?
Esse
conceito de “multidão” é fundamental para entender o que estou dizendo.
Multidão é aquele conjunto de pessoas comuns que nada fazem de diferente. O
estereótipo do cidadão padrão. Não é necessariamente ter uma rotina diferente
mas sim estar imerso num pensamento de cidadão padrão. O que eu quero dizer com
isto é que por mais que sua rotina seja comum, você pode pensar além. Você pode
refletir sobre a sua vida e tentar mudar diversas coisas. Não acho que isto te
torne automaticamente numa pessoa melhor. Você deve buscar a sua própria
construção ao longo do tempo e assim se tornará uma pessoa melhor. E creio que
a maior parte das pessoas estão subjugadas à vidas quase sem significado
movidas mecanicamente pelas suas rotinas e até mesmo seus lazeres são iguais.
Isto as tornam cidadãos padrões. E fugir a vários padrões é bom. Você pode ir
além. Você pode fazer a diferença por mais que a sociedade te convença que não.
Você pode!
Mas
e o que é fazer a diferença? Bom, isto depende de cada âmbito pessoal. Você
pode mudar suas ações para ser melhor para as pessoas. Ou pode buscar atitudes
que ajudem outras pessoas querendo apenas em troca alguns sentimentos bons que
podem e devem ser trocados. Você pode criar coragem e romper barreiras que não
tinha coragem. Talvez você tenha aquela vidinha mais ou menos. Você tem? O que
pode fazer para maximizar seu prazer de viver? Então faça! Busque a felicidade
e seja feliz. Isto o torna diferente. Não quero dizer que você deve ser
completamente diferente de tudo. Não! Você pode ter uma rotina comum e mesmo
assim ir além. Quer ver como é possível fazer a diferença mesmo imerso na
multidão e assim escapar deste conceito? O que te faz feliz? Faça. Supere seus
limites e corra em direção ao seu destino para ser feliz. Termine
relacionamentos que não sejam realmente bons, arrume empregos que te deem
prazer de trabalhar, mude o ambiente da sua casa para torna-la mais confortável
e amigável... enfim! Há uma diversidade de ações que podem mudar seu universo,
mesmo que pequenas. E sim, você pode. Você quer continuar na multidão?
Tudo
bem se quiser. De verdade, não estou julgando isso. Às vezes, para diversas
pessoas, ser comum é o suficiente e isto as enche de felicidade. E se você está
feliz, é isso que importa. Pessoalmente, eu sempre quero fazer a diferença em
algo. Mas a minha verdade de vida não é a mesma para os outros. Eu busco a
minha felicidade diariamente em ações diferenciadas. Mas isto não me faz ser
necessariamente um ser humano melhor. Não existe este tipo de coisa dentro
desta visão. Pois, no fim, o que importa é ser feliz. E é com isso que você
deve se preocupar e ir atrás.
Ser
e fazer diferente foram coisas que me cobrei e me perguntei ao longo do ano.
Este foi um ano fundamental no desenvolvimento da minha alma. Um ano de
vitórias mas um ano em que tive o resultado de anos de trabalho sem parar:
stress e cansaço. E eu pesei o que era mais importante. E cheguei à conclusão
de que aos poucos eu estava me tornando “multidão”. E para mim isto não é
sinônimo de felicidade. Logo, vou atrás da minha. Aliás, apenas por refletir
sobre essas coisas eu já recuperei uma boa parte dela. Como disse
anteriormente, não é problema se você é feliz na multidão mas isto não serve
para mim. E por isso me perguntei: “O que estou fazendo?” e “O que eu posso
fazer de diferente?”. Minha primeira ação foi romper barreiras que me faziam
mal. Romper conexões falhas que não serviam para estimular o melhor uso do meu
próprio ser. E aí fui atrás daqueles pontos que me faziam feliz e que eu, por
ingenuidade, um dia pensei que poderiam não me fazer feliz. Mas fizeram... e
muito. Por um momento me tornei mais um na multidão e preferi deixar as coisas
como estavam e ter medo da mudança. Mas reencontrei minha essência e quis
mudar. Mudei e não me arrependo. Fui ser feliz.
E
aprendi que ser eu mesmo sempre é o melhor. Não que eu não soubesse mas que a
vida nos mostra diversas vezes coisas que preferimos não aceitar ou esquecemos
temporariamente. E pensei: “ser mais um” é um estereótipo, certo? Eu não gosto
de estereótipos. Não acho que devemos julgar ninguém por estar na multidão
desde que estejam felizes, muitas vezes com suas próprias ilusões. A felicidade
é o objetivo. E por mais que eu sempre queira estar fora da multidão, uma hora
ou outra na vida nós faremos parte dela. E isto não é ruim, é apenas uma
oportunidade de escolhermos aquilo que é melhor para a nossa vida e o que nos
faz feliz de verdade. O “ser mais um” foi um momento temporário que serviu de
estímulo para fugir de alguns padrões e encontrar minha verdadeira felicidade.
Se
você se encontra em um momento de vida que precisa tomar decisões e romper
barreiras e superar limites para ser feliz... acredite, faça e seja feliz.
Quebre padrões, quebre conexões que não te fazem 100% completo e supere todos
os seus limites. Todos! E se você está na multidão mas está feliz,
despreocupe-se! O importante é estar bem. Estar ou não na multidão não te faz
um ser humano melhor e sim suas ações. Foi assim, que aos poucos, eu me
reconstruí neste ano e pude ir me reencontrando. À todo o turbilhão de
sentimentos e indecisões, eu sou grato. Cada parte da vida é essencial para nos
desenvolvermos. Agora é viver pleno e feliz e seguir aprendendo.